Vivendo de escolhas

Desabafo

Desabafo

Um dia de trabalho como outro qualquer, exceto pela chegada de um rapaz angustiado, ansioso, uma frequência cardíaca de 150 batimentos...sua dor era na alma, senti que precisava de um conforto.Meus cuidados profissionais eram de menos.Derramou seu coração, o pouco que ainda restava, ou o muito que destruíra sua vida.As palavras vinham com imensa tristeza e amargura.

Falava-me de sua família, de uma mulher que o amava, que havia anulado a própria vida  em função de um amor que jamais lhe fora  retribuído.Falava-me de filhos carinhosos sedentos do amor de pai...

Um sentimento de culpa o atordoava, precisada muito de ajuda, estava perdido, não sabia como fazer, o que fazer, muito embora estivesse tentando...

Relatou suas inúmeras internações em clínicas de apoio buscando sair daquela vida.Seus pais não sabiam que estava imerso num poço de lama.Sua mãe morreria de tristeza...bastava o sofrimento que causara à esposa, não queria estendê-lo aos seus pais que já eram idosos e tudo fizeram para o seu desempenho pessoal e profissional.

Contou-me como foi apresentado ao pó maldito que acabou com sua vida.Chorou, chorou muito...aliviado pelo desabafo, pediu-me desculpas por tomar o meu tempo e me agradeceu por ouví-lo.Procurei de alguma forma confortá-lo: pedí que não desistisse da vida e continuasse tentando por sua libertação, iria conseguir mais cedo ou mais tarde já que era este seu maior desejo. 

Algumas horas se passaram, estava melhor, sorria pelo menos...precisava ir.

Jamais o ví novamente...espero que tenha se superado, lembro de sua angústia e me pergunto: o que terá acontecido depois daquele dia? talvez nunca saberei...mas, no íntimo do meu coração acredito que ficou bem.

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